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Jorge Alexandre Moreira

O Mar dos Navios Perdidos

No Atlântico Norte, a leste dos EUA, existe um pedaço de mar onde não sopram ventos, nem há correntes. Um lugar de calma e silêncio mortal, temido pelos navegantes há milênios, onde vastos trechos de água ficam cobertos por tapetes de algas.

A primeira vez que ouvi falar do Mar de Sargaço foi em um episódio de Jonny Quest, desenho animado que era um tremendo sucesso no Brasil nas décadas de 70 e 80. No desenho, o mar era como um pântano, a superfície coberta de algas, com um cemitério de dezenas de barcos presos, apodrecendo, abandonados. Claro que a imagem ficou em minha mente - principalmente porque eu tinha dez anos e não havia um Google para onde correr - mas o surpreendente é que a visão pintada pelos roteiristas de Jonny Quest não era tão exagerada assim. Ela era apenas anacrônica. Disse o almirante cartaginês Himilco, de 500 a.C., em um de seus diários de bordo: "...nenhuma brisa movimenta o barco, tão morto está o vento indolente neste mar preguiçoso (...) existe tanta alga entre as ondas que elas seguram o barco como se fossem moitas (...) o mar não é muito profundo, a superfície da terra está apenas coberta por um pouco de água... monstros ameaçadores nadam por entre navios fantasmas, navios vagarosos e apáticos..."

Em que pese os exageros - os cartagineses e os fenícios costumavam criar relatos fantásticos para desestimular os navegadores de outros povos a se aventurarem além do Mediterrâneo - a narrativa de Himilco se refere a um fenômeno real.


O Mar de Sargaço, no Atlântico Norte, é o único mar no planeta limitado não por corpos de terra, mas por quatro grandes correntes correntes marinhas. Combinadas, elas criam um anel de mar que gira em sentido horário, criando uma vasta porção no meio, sem ventos, sem correntes, e onde as algas proliferam. A ausência de ventos pode não ser grande problema hoje, com a região mapeada e a maioria dos barcos dispondo de motores e sistemas de comunicação, mas algumas centenas de anos atrás,

quando os barcos se moviam a remo ou a vela e a maioria dos navegantes não conhecia a região, ela era uma armadilha infernal. Há uma latitude entre 30 e 35 graus que cruza o Mar de Sargaço e que foi chamada pelos espanhóis de "Latitude do Cavalo", devido aos navios espanhóis que ficavam parados nela por semanas - às vezes, meses - e precisavam atirar ao mar seus valiosíssimos cavalos de guerra, para poupar água potável.


Há histórias sobre navios parados em meio às algas, que começaram a crescer casco acima, impedindo a movimentação, ao mesmo tempo em que impediam o navio de afundar. E onde a tripulação, eventualmente, morreu de fome e sede. Depois de alguns anos, você teria um barco decrépito, coberto por algas e com uma tripulação de esqueletos a bordo. Não é apenas bizarro. É perfeitamente possível.

E o Mar de Sargaço, que compartilha parte de sua área com o também famoso Triângulo das Bermudas, é um lugar onde fenômenos estranhos são registrados há muito tempo.



Colombo, chegando à América, acreditou, pela quantidade de algas, que estivesse perto da terra. Estava muito enganado e isso não foi a coisa mais bizarra que ocorreu. Seu diário de bordo faz menções a problemas com as bússolas, estrelas se movendo e a uma luz "como uma vela", que teria subido do mar para o céu. E claro que você já ouviu as histórias sobre os navios e aviões que desaparecem nessa região. Mas e quando só a tripulação desaparece e o navio é encontrado à deriva, em perfeito estado? Há uma desconfortável quantidade de registros desse tipo, nessa região, e é sobre isso que falaremos no próximo post.


Fique por perto.



 
 



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