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  • Jorge Alexandre Moreira

Horror na Amazônia (parte 1) - a criatura que há séculos assombra a maior floresta do mundo.




"Em 1945, na estrada de Urubucuara a Ipanuré, algumas mulheres ocupadas em transportar os volumes de carga da Missão, ouviram grande rumor de galhos que se quebravam e viram pelas costas um vulto como um grande macaco, de seus dois metros caminhando erecto. Apavoradas, correm para junto do Salesiano, Sr. Manoel Crescini, que dirigia esse transporte. Ao chegar ao local do rumor, verificou o Missionário grandes pegadas na areia da estrada semelhantes às de um elefante, de um animal que havia atravessado a estrada e, ao penetrar na mata foi rompendo a galharia, e assim abrindo uma passagem de um metro ou mais de largura." Padre Alcionilio Alves da Silva, 1977 Amazônia. 390 bilhões de árvores de 16 mil espécies catalogadas e milhares de outras desconhecidas. Um oceano de verde e sombras quase do tamanho da Austrália e tão perigosa quanto. Com rios e lagos de tranquilas águas escuras que escondem jacarés de seis metros e cardumes de peixes vorazes que sentem cheiro de sangue à distância. Com matas onde habitam felinos caçadores de homens, sapos que transpiram toxinas que matam em segundos e legiões de formigas que avançam com velocidade assustadora, devorando tudo no caminho. E uma criatura aterrorizante, presente em relatos de caçadores, ribeirinhos e exploradores há centenas de anos, descrito de forma similar por tribos separadas por milhares de quilômetros de mata fechada e que jamais tiveram contato entre si. Um ser de 2,5 m de altura ou mais, pelo avermelhado, odor fétido insuportável, boca gigantesca e ferocidade assustadora. Isnashi. Segamai. Owojo. Kida Harara. Mapinguari.


Em vários lugares do mundo, correm lendas sobre "homens da floresta", mas ao contrário do Iéti ou do Pé Grande norte-americano, que supostamente evitariam o contato humano, as histórias sobre o mapinguari falam de um ser temido, que embosca e caça homens, emitindo gritos que gelam o sangue e que tem um odor tão forte que seria capaz de embriagar e distorcer os sentidos.

“Em todas as tribos indígenas que eu conheço, os índios têm muito medo desse animal. Mesmo os Caiapós, que são mais brabos, têm um tipo de zoneamento dentro da reserva deles. Onde o animal aparece, eles não vão. É uma reserva para esse bicho, que consideram perigoso, e não querem encontrar”

David Owen, biólogo norte-americano residente há mais de 30 anos em Belém.

Os relatos sobre a fera vão centenas de anos no passado. Em 1533, Pedro Cieza de León, explorador espanhol que esteve no Peru, descreveu seres como macacos, maiores que homens, que eram chamados pelos nativos de "marimondas". O naturalista alemão Alexandre Von Humboldt, que esteve na América do Sul por volta de 1800, encontrou relatos de grandes seres peludos que viviam na mata, comiam carne humana e, ocasionalmente, sequestravam mulheres.

O antropólogo e historiador Câmara Cascudo (1898 - 1986) assim descreveu o Mapinguari:

"É um animal fabuloso, semelhando-se ao homem, mas todo cabeludo. Os seus grandes pelos o tornam invulnerável à bala, exceção da parte correspondente ao umbigo. Segundo a lenda, é ele um terrível inimigo do homem, a quem devora." Algumas histórias descrevem uma criatura de um olho só, com uma boca gigantesca que iria do pescoço até o umbigo.


Um dos relatos mais fantásticos de um encontro com esse ser foi feito em 1983, por um homem identificado apenas como Inocêncio, que seria trabalharia capturando macacos para pesquisadores norte-americanos em uma região a 400 km de Manaus. Após dias seguindo o rastro de um animal desconhecido de grande porte, que tentavam capturar, Inocêncio e sua equipe adentraram uma região onde nunca haviam estado antes e montaram acampamento, para passar a noite. Algo, no entanto, começou a rondar o perímetro das barracas, emitindo gritos e rosnados assustadores. Os homens atiraram para o alto, mas os rugidos se intensificaram e ficaram cada vez mais próximos. Acuados, os homens se fizeram um círculo ao redor da fogueira, apontando suas armas para fora. Súbito, emergiu da escuridão, gritando, uma criatura enorme, que se movia ajudando o seu corpo com os braços, como um gorila. Os homens dispararam todos. A coisa rosnou alto e fugiu, embrenhando-se na mata. A equipe ficou tão abalada pelo encontro que não conseguiu voltar para as barracas, pernoitaram empoleirados em uma árvore, montando turnos de guarda. No dia seguinte, pegaram suas canoas e se foram, sem jamais voltar àquela região.

É fácil, sentados diante de telas que tudo banalizam, categorizar narrativas como essa no campo do folclore, da mitologia e da superstição, mas lembre-se que estamos falando de homens que passam semanas embrenhados em matas repletas de cobras venenosas e felinos ferozes e que nadam em rios onde, como você deve lembrar, do começo desse texto, habitam jacarés maiores que carros. Pense duas vezes antes de encarar algo de que essas pessoas têm medo com um sorrisinho de canto de boca.


E algo que o escritor de ficção descobre, em suas pesquisas, é que, muitas vezes, a realidade é mais estranha que a arte. É possível que haja uma explicação real para o Mapinguari e que ela seja tão fantástica quanto a lenda.


Glenn Shepard Jr., um biólogo e antropólogo norte-americano que vivia em Manaus, já havia escutado muitas histórias sobre o Mapinguari, mas permanecia no grupo dos céticos. Até que em 1997, em uma pesquisa sobre fauna nativa em uma região remota da Amazônia Peruana, nativos do povo Machiguenga descreveram o Mapinguari como uma criatura enorme, monstruosa, semelhante a uma preguiça, que habitava uma região montanhosa, coberta de floresta, de seu território.


A ficha caiu para Shepard quando um dos membros da tribo, que já dizia já ter visto o Mapinguari, afirmou que havia um no Museu de História Natural de Lima, onde o nativo teria ido, certa vez. Shepard verificou e descobriu que o museu tinha um modelo de uma grande preguiça pré-histórica.


David Oren, um outro biólogo americano que vive há mais de 30 anos em Belém, encontrou tantos relatos, tão consistentes, muitas vezes feitos por tribos que jamais haviam tido contato, que se convenceu da existência do Mapinguari. Em uma viagem ao Acre, nos anos 90, Oren conheceu um homem que disse ter visto uma fêmea de Mapinguari com filhotes.


“Eu estava diante de uma pessoa que claramente não estava mentindo. A luz acendeu: o que esse homem estava descrevendo só podia ser uma preguiça-gigante.”


Poderiam preguiças-gigantes terem sobrevivido na Amazônia? Uma coisa é certa. Se elas sobreviveram, esqueça tudo que você sabe sobre preguiças. Estamos falando de criaturas maiores que elefantes, com garras do tamanho do seu braço.


Saiba tudo sobre essa incrível teoria e os homens que tentaram prová-la na parte 2 de Horror na Amazônia.

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Gosta de histórias de terror baseadas em incidentes reais? Conheça a história da fortaleza militar assombrada até hoje pelos terríveis atos ocorridos entre seus muros.



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