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Jorge Alexandre Moreira

Falhas no Espaço-Tempo (Triângulo das Bermudas Ep. 3)


Suponha que sob condições muito específicas, fenômenos meteorológicos extremos sejam capazes de gerar distúrbios eletromagnéticos. Suponha que esses distúrbios eletromagnéticos sejam fortes o suficientes para confundir bússolas e equipamento de navegação.


Ou para rasgar a teia daquilo que definimos como realidade?


Em 4 de dezembro de 1970, Bruce Gernon — que, na época já era um piloto experiente, com mais de 600 horas de voo — saiu com seu monomotor Beechcraft Bonanza da ilha de Andros, Bahamas, rumo ao aeroporto de Palm Beach, Flórida. A viagem de 90 minutos passava por dentro do Triângulo das Bermudas e era tão usual, para Gernon, quanto pegar o carro para ir para o trabalho. Ele estava acompanhado por seu pai e por seu sócio.


Bruce Gernon, com seu monomotor, na época do incidente


O voo seguia sem incidentes, quando, a 160 km de Miami, Gernon percebeu algo no caminho do avião que descreveu como uma estranha nuvem luminosa, que parecia estar aumentando sozinha, como se crescesse de dentro de si mesma. Preocupado com o tamanho e com o aspecto ameaçador da nuvem, ele tentou desviar, mas não conseguiu. Era grande demais. Prestes a mergulhar na nuvem com seu pequeno avião, ele viu uma espécie de buraco, por onde se via o céu do outro lado, e embicou para lá.


Foi quando as coisas ficaram estranhas de verdade.


O buraco era como um túnel e, assim que o avião entrou nele, ficou tudo escuro como a noite. Só se via a outra ponta do túnel, lá na frente. Ao redor do avião, clarões de luz pipocavam — como relâmpagos, mas muito mais brilhantes, e sem ruído algum. Nesses clarões, via-se as paredes do túnel girando, como se a nuvem estivesse girando a seu redor. Gernon e seus dois passageiros ficaram dentro do túnel por um tempo que estimaram em 3 minutos. Desse tempo, por 10 segundos, eles tiveram uma sensação de ausência de gravidade. Quando o avião saiu do túnel, por um tempo, não era possível ver céu nem mar, apenas um estranho nevoeiro cinzento. Gernon fez contato com a Torre do Aeroporto de Miami para pedir sua localização e o atônito operador de voo disse que o ouvia, mas não o captava no radar.


Quando o avião saiu do nevoeiro e foi possível ver o céu, os passageiros constataram, com assombro, que estavam sobre Miami. Pelo rádio, a torre informou que o avião havia aparecido no radar. Eles haviam percorrido 160 km em 20 segundos. Chegaram ao aeroporto de Palm Beach 47 minutos depois de terem decolado das Bahamas, uma viagem que deveria ter demorado 1h30m e que não poderia, em nenhuma circunstância, ser feita mais rápido naquele avião. Gernon também tinha muito mais combustível no tanque do que deveria ter.


Gernon escreveu um livro sobre esse incidente chamado The Fog. Sua teoria é a de que ele encontrou algum tipo de fenômeno atmosférico raro, do qual escapou por sorte, mas ao qual muitos sucumbiram.


Mas que tipo de fenômeno? E o que poderia provocá-lo?


A região do Triângulo é muito peculiar. Muito próxima a ela está o Mar de Sargaço, de que já falamos aqui. Ele é o único mar no planeta que não é limitado por corpos de terra, mas por correntes marinhas. Imagine esse anel gigantesco de água salgada girando em sentido horário, e sendo bombardeado por tempestades colossais. Você, certamente já ouviu falar da tendência a furacões e mega tempestades nessa região, mas você sabia que um raio pode chegar a 300 milhões de volts? E gerar temperaturas cinco vezes mais quentes que a do Sol?

Quem sabe, não repouse aí, o mistério do Triângulo das Bermudas? Talvez o anel de correntes marinhas ao redor do Mar de Sargaço funcione como uma gigantesca bobina gerando um campo magnético descomunal. Algo que, impulsionado por uma tempestade elétrica, poderia ser capaz de abrir um buraco na própria teia daquilo que conhecemos como realidade?

No diário de bordo de um voo de Cuba para os EUA em 1928, o famoso aviador Charles Lindbergh afirmou ter entrado em estranho nevoeiro, do qual não conseguia sair, por mais que tentasse.


"Ambas as bússolas apresentaram defeito sobre o Estreito da Flórida à noite. O marcador de terra oscilava para a frente e para trás. A rosa-dos-ventos móvel girava sem parar. Não podia reconhecer estrela alguma, através do forte nevoeiro."


Quando Lindbergh saiu do nevoeiro, ele estava muitos quilômetros à frente de onde deveria estar.


E com bem mais combustível do que deveria ter.


 

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