
JORGE ALEXANDRE MOREIRA
Em Uma Região Remota da Amazônia...
O índio Ubirajara voltava a cabeça para um lado e para outro, fungando como um cão farejador.
Néri aproximou-se, com um sorriso zombetei-ro no rosto. Era do tipo que acreditava que o emblema das Forças Especiais o capacitava a ensinar sobre navegação a Amyr Klink ou dar aulas de sobrevivência no deserto aos Tuaregs. Sua pergunta veio com um tom de provocação:
- Alguma coisa no ar, cabo?
Ubirajara soltou um suspiro enfastiado.
- Morte.
Néri engoliu em seco, mas manteve a compostura.
- Só sinto cheiro de pólvora... e acho que de bosta, também.
O índio encarou-o, pedras de gelo negras no lugar dos olhos.
- Foi o que eu disse, tenente. Morte.

Engolindo em seco, Sullivan ficou de pé. O fuzil apontado, os olhos brilhantes agitando-se no rosto pintado de preto, como dois animaizinhos azuis presos em uma poça de lama.
Em todos os seus anos de exército, nunca ouvira uma selva em um silêncio tão absoluto.
- Estão tentando mexer com nossos nervos.
- Estão conseguindo, senhor.